OMSUma pesquisa recente do Instituto Cactus, em parceria com a Atlasintel, revelou que mais de 80% dos brasileiros têm se preocupado com sua situação financeira nas últimas semanas. Para quase metade da população, essa preocupação tem sido frequente, ocorrendo três vezes ou mais nas últimas duas semanas.
Os dados fazem parte do Panorama de Saúde Mental, que inclui o Índice Contínuo de Avaliação da Saúde Mental (ICASM), permitindo um monitoramento contínuo da saúde mental dos brasileiros. No segundo semestre de 2023, o ICASM geral da população ficou em 640, numa escala de zero a 1.000 pontos, próximo ao resultado do primeiro semestre, que foi de 635. A pesquisa ouviu mais de 3.200 brasileiros de 16 anos ou mais, de diversas regiões e perfis socioeconômicos, sendo 51% mulheres.
O índice para as mulheres foi de 593 pontos, quase 100 a menos que o dos homens, que foi de 691. Os jovens de 16 a 24 anos também registraram um ICASM baixo, com 523 pontos.
A pesquisa destacou que a preocupação com as finanças está fortemente associada a uma menor pontuação no ICASM. Entre os respondentes, 63,2% eram responsáveis pelo sustento do lar e apresentaram um ICASM de 685. Já aqueles cujos pais são responsáveis pelo sustento do lar, cerca de 13%, tiveram um índice de 469. Além disso, 22% dos participantes relataram ter deixado de fazer alguma refeição por falta de dinheiro, e esses indivíduos apresentaram um ICASM de 402, comparado com 691 entre aqueles que não passaram por essa situação.
Uma novidade da pesquisa foi a análise do uso da tecnologia. Cerca de 94% dos respondentes afirmaram usar redes sociais, com 37% utilizando-as por mais de três horas ao dia e apresentando um ICASM de 610. Aqueles que usaram redes sociais por menos de uma hora ao dia tiveram um ICASM de 672.
O estudo aprofundou-se na questão da ansiedade, revelando que 73% dos respondentes se sentem incomodados com diversas preocupações, 68% se sentem nervosos, ansiosos ou muito tensos, e 64% têm dificuldade para relaxar. Aproximadamente 57% afirmaram não conseguir controlar suas preocupações e cerca de 25% relataram sentir-se nervosos, ansiosos ou tensos quase diariamente.
A pesquisa mostrou que 55,8% dos brasileiros nunca procuraram um profissional de saúde para tratar transtornos de ansiedade, com essa proporção sendo maior entre os homens (65,4%). Cerca de 15,3% dos entrevistados foram diagnosticados com transtorno de ansiedade por psiquiatras, enquanto 10,7% receberam diagnóstico de profissionais de saúde geral. Mais da metade dos respondentes (53%) declararam receber ajuda e conselhos de outras pessoas, e 74% afirmaram estar fazendo algo para melhorar sua situação.
A maioria dos entrevistados (77%) afirmou não ter consumido álcool ou outras drogas/medicamentos para se sentir melhor. No entanto, 49% relataram sentir-se muito culpados pelas coisas que aconteceram nas duas semanas anteriores à pesquisa, e 13% disseram ter consumido um pouco de álcool ou outras drogas/medicamentos para se sentir melhor.
Essa pesquisa sublinha a preocupação crescente com a saúde mental no Brasil, destacando a importância de medidas para melhorar o bem-estar psicológico da população.
